Especialistas apontam os 15 principais equívocos das mães na hora do aleitamento e sugerem maneiras de solucioná-los.
Para evitar os erros na amamentação, é preciso informação e prática.
Bom tanto para a mãe como para o bebê, o aleitamento reduz o
risco de câncer de ovário e de mama e de osteoporose.
Já a criança ganha
reforços no desenvolvimento e fica mais protegida contra diabetes, infecções
respiratórias e alergias, entre outros problemas. Mas muitas mães desistem de
amamentar por conta de dores nos mamilos, insegurança ou falta de orientação
adequada. Especialistas dizem quais são os principais erros na hora do
aleitamento – e como solucioná-los.
1. Falta de confiança em si própria
A tranquilidade da mãe na hora de amamentar já é um
grande passo em direção a um momento prazeroso para ambas as partes. Se a
mulher fica nervosa com as dificuldades comuns ao início, o processo de
amamentação pode ser mais trabalhoso. Com tranquilidade, conforto e confiança,
aos poucos mãe e filho vão aprendendo e se entrosando, sem motivos para
desespero. “O leite é produzido no peito e na cabeça. A lactante (Mãe) precisa
confiar nela mesma. Toda mulher produz leite, até aquela que adota e não ficou
grávida” diz o pediatra Marcus Renato de Carvalho, especialista em amamentação
pelo International Board Lactation Consultant Examiners, professor do
Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ e editor do site Aleitamento.
2. Dar de mamar com o bebê sonolento
O processo de amamentação flui melhor quando o bebê
está desperto, porque ele consegue abrir a boca para fazer a pega correta
(abocanhar o mamilo e a maior parte da aréola). Quando está sonolento, geralmente
atinge só a pontinha do mamilo. Resultado: não mama direito e em pouco tempo
precisará se “abastecer” de novo. “Para deixar o bebê mais desperto, a mãe pode
manter o ambiente mais iluminado e deixar o bebê com menos roupa, para que se
aconchegue e equilibre a temperatura no colo da mãe”, aconselha a enfermeira
Bárbara Pauletti, do Centro de Amamentação da Maternidade Pró-Matre (SP).
3. Não prestar atenção ao bebê durante a
amamentação
Como o tempo é curto, muitas mães aproveitam a hora
da mamada para realizar outras tarefas: dormir, assistir à televisão e até
resolver pendências por telefone. Mas é muito importante aproveitar o período
do aleitamento para conversar com o bebê e fortalecer o vínculo entre mãe e
filho. Vale conversar, cantar, contar histórias. Qualquer coisa para ajudar a
mantê-lo acordadinho e manter um bom ritmo de sucção.
4. Prender-se ao tempo de mamada
O bebê não é um relógio. Ele funciona na hora que
quer. Portanto, nada de se prender em conselhos de amigas e avós sobre a
duração de cada mamada. “Não é de três em três horas ou de ‘tantos’ minutos em
cada peito. Como o leite materno é de fácil digestão, alguns bebês mamam com
muita frequência”, explica o pediatra Marcus Renato de Carvalho. Segundo ele, o
importante mesmo é zelar pela livre demanda, ou seja, o bebê dita o ritmo: mama
o tempo que quiser, no intervalo que necessitar. A mamada só termina quando ele
solta espontaneamente o seio materno.
5. Amamentar com muita gente ao redor
Se a mãe se sente confortável em amamentar com
outras pessoas ao redor, tudo bem. Mas se ficar incomodada ou preferir ter um
momento mais íntimo com o bebê, especialmente no início, quando ambos estão se
adaptando ao processo, não se acanhe em pedir licença e se “isolar” com a
criança. O conforto e a tranquilidade da mãe são essenciais para uma boa
amamentação.
6. Não se atentar para a pega correta do bebê
Muitas vezes, as fissuras nos seios acontecem por
conta da pega incorreta do bebê no seio. “Quando pegam somente o mamilo, além
de não extrair bem o leite, os bebês podem provocar rachaduras no peito da
mãe”, explica Ana Paula Mikaro Hosoda, enfermeira do Ambulatório de Aleitamento
Materno do Hospital Santa Catarina (SP). O certo é o bebê abocanhar toda a
aréola (ou o máximo dela), para ter uma melhor sucção e não ferir a mãe.
7. Deixar o bebê com a cabeça torta
A mãe deve observar se a cabeça e o corpo do bebê
estão alinhados e apoiados, sempre com a cabeça voltada para a mama. Se a
cabeça ficar torta, haverá incômodo na deglutição. A posição mais comum é o
abdômen da mãe em contato com o do bebê (“barriga com barriga”). O bumbum dele
fica apoiado na mão da mãe e a cabeça, na dobra do braço dela.
Não é preciso pressionar a cabeça do bebê contra o
peito. Basta apoiá-la.
8. Pressionar a cabeça do bebê contra o peito
O bebê se adapta naturalmente à pegada no seio da
mãe. Faça somente um apoio e ele naturalmente se achega para abocanhar o seio.
Para ficar mais confortável, coloque um travesseiro em cima das suas pernas,
dando mais firmeza para apoiar o braço e deixar o bebê na posição correta de
maneira mais natural.
9. Achar que o leite é "fraco" ou
insuficiente
As mamas são preparadas para produzir o leite já no
período de gestação. Após o nascimento, o próprio bebê estimula a produção por
meio da sucção correta. Portanto, quanto mais o bebê mama, mais leite se
produz. Nos primeiros meses de vida, tudo o que o bebê precisa está no leite
materno. Não dê a ele chá, água, suco ou outro tipo de leite sem orientação
médica.
10. Ficar alternando os seios a toda hora
É melhor "esvaziar" completamente o primeiro seio
para só então passar para o segundo. Muitas vezes, o "esvaziamento" da mama
exige duas ou três mamadas no mesmo peito. Quando as mães alternam os dois
seios em cada mamada, acabam por produzir excesso de leite. “Com a
hiperprodução, o bebê pode ficar irritado e ganhar menos peso, pois não
consegue chegar ao ‘leite do fim’. Este leite final tem uma alta carga de
gordura, dá a sensação de saciedade e prazer e engorda”, explica a pediatra e
neonatologista Ana Júlia Colameo, membro da IBFAN (Rede Internacional em Defesa
do Direito de Amamentar) e conselheira em amamentação da Organização Mundial da
Saúde e Unicef.
11. Dar chupeta e mamadeira ao invés do peito
As chupetas ensinam o bebê a “mascar”. Durante a amamentação,
ele pode machucar a mãe ou não conseguir retirar todo o leite que necessita,
porque faz “confusão” ao abocanhar o mamilo. A mamadeira também o habitua a
outra forma de se alimentar, causando a “confusão de bicos”. “Além disso, o
leite artificial demora a ser digerido, diminuindo o número de mamadas e
fazendo reduzir a produção de leite. Por isso é muito comum ver mulheres que,
depois que introduziram mamadeira, perderam a amamentação porque o leite
‘secou’ ou o bebê não quis mais”, afirma a pediatra e neonatologista Ana Júlia
Colameo.
12. Usar cremes e loções nos seios
Para manter o peito sadio, o melhor é fazer uma
leve pressão para saída do leite e passar o próprio líquido ao redor da aréola.
O uso de pomadas e cremes só deve ser feito com orientação médica. “Se a
fissura for muito grande e dolorosa, suspende-se a amamentação na mama mais
afetada por um período de 24 a 48 horas e coleta-se manualmente o leite até seu
esgotamento, para evitar que o líquido empedre”, orienta Daniela Vieira de Lima,
enfermeira obstetra do Hospital e Maternidade São Cristovão (SP).
13. Esquecer de se alimentar
Apesar de a alimentação não ter relações diretas
com o aumento ou diminuição na produção de leite, é importante fazer um aporte
extra de 500 calorias a mais por dia. Os alimentos mais indicados são peixes de
água fria, como a sardinha, e gema de ovo. Evite leite de vaca e refrigerantes
à base de cola.
14. Voltar ao cigarro
A nicotina presente no cigarro continua a fazer mal
para o bebê mesmo após o parto, pois a substância passa para o leite materno,
assim como o álcool e outras drogas. Com isso, pode haver alterações no sistema
nervoso central do bebê, com prejuízos para o seu desenvolvimento.
15. Desistir na primeira dificuldade
Dificuldades na amamentação são muito comuns,
especialmente nos primeiros dias. Procure ajuda sempre que sentir necessidade.
Há diversos centros de apoio à amamentação em hospitais e clínicas médicas, nos
quais profissionais de saúde informam e orientam as novas mães sobre o aleitamento.
Muitas vezes, a dificuldade é causada apenas por um posicionamento incorreto ou
pelo fato de o bebê estar sonolento, fatores que podem ser contornados
facilmente, sem precisar desistir do processo.
Reportagem extraída do site iG
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